terça-feira, 18 de maio de 2010

Lumiar

A Casa de Acolhida Lumiar foi apresentada aos juizforanos no dia 18 de maio. O espaço é dedicado ao atendimento de adolescentes vítimas de violência sexual, física e psicológica, doméstica ou negligência. Foi um dos jovens assistidos quem sugeriu o nome do lugar, inspirado na canção “Lumiar”, de Beto Guedes, que nos convida a “estender o sol na varanda até queimar… Pra perder o medo, mudar de céu, mudar de ar, clarear de vez, lumiar…”


Por Maury Paulino
Educador social da Casa de Acolhimento Lumiar
(Texto lido por uma adolescente durante a apresentação da Casa à comunidade. A pintura das fadas está na parede da casa e foi feita pelas próprias crianças.)


Eis que nos deparamos com uma realidade intrigante. Somos nós representantes vigorosos da famosa personagem amiga de Peter Pan na Terra do Nunca, a fada Sininho. Por que? Ora, vejamos:


Não somos nós a luzinha cintilante no caminho dos nossos acolhidos? E os meninos perdidos, lembram-se deles? Ah não? Então vamos relembrar juntos.


“Os meninos perdidos são aqueles que caem do berço em algum parque ou na rua sendo abandonados pelo descuido da babá, da própria mãe ou pai. Então, são levados à Terra do Nunca onde são cuidados por fadas. Não são acostumados a obedecer ou a ter obrigações”. (Fonte: Wikipédia)


Bonito, não é? É, mas tem uma diferença muito grande. Lá na Terra do Nunca as crianças não crescem porque não querem sair da vida que levam, mas com estes “Sininhos” daqui, eles precisam crescer sim.


Conhecem a síndrome de Peter Pan? Pois é, a psicologia nos diz que nela uma pessoa se nega a crescer, quer ser criança para sempre. Torna-se adulto, mas é imaturo, infantil e irresponsável.


Mudamos um pouco a história tradicional. Na nossa Terra do Nunca, não vale o nunca crescer, mas o nunca abandono, nunca falta de carinho, nunca descaso, nunca maus tratos. E as crianças perdidas viram crianças achadas e acolhidas. Sabe as larvas que erradamente são mal vistas e tidas como feias? Nós, “Sininhos” daqui, precisamos entender e fazer entender que um dia serão, sim, lindas borboletas.

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